..."Estas pessoas, agora, interagem com o grupo em meio ao espaço de que são todos criadores e participantes ao mesmo tempo. Isto é possível porque a palafita se disciplina em espaços interligados por pontes, que é o que torna possível ligação e transitoriedade . Todos acabam compondo o mesmo espaço, passando necessariamente uns pelas casas dos outros, pelas vidas uns dos outros, por meio das pontes-ruas.
A ponte, assim, simboliza o alternativo,a não-propriedade, o não-lugar. Mais do que meio de ligação entre as casas, a PONTE será símbolo dessa forma de moradia, nome que designa local, referência geográfica para os que ali habitam.(...)
A ponte, assim, simboliza o alternativo,a não-propriedade, o não-lugar. Mais do que meio de ligação entre as casas, a PONTE será símbolo dessa forma de moradia, nome que designa local, referência geográfica para os que ali habitam.(...)
Se de um lado as pontes simbolizam alternativa de lugar, de outro o aterro, que vai aos poucos cobrindo a área de ressaca, sinaliza a vontade de habitar em terra firme, adaptar-se ao modelo da "cidade formal ”, não só pelo seu aspecto estético, mas pela busca de melhores condições de habitabilidade.
Verificamos que o meio alternativo de habitação não pretende a criação de um lugar paralelo, no entanto, estrutura-se como produto da exclusão da cidade formal, ainda que revele peculiaridades e relação afetiva entre indivíduo e lugar.
Ao mesmo tempo em que existe o desejo de fazer parte da cidade formal, a periferia espontaneamente cria identidade, lugar de novos acontecimentos, e passa a produzir e reproduzir os próprios conceitos criados a partir de sua estética. (...)
Verificamos que o meio alternativo de habitação não pretende a criação de um lugar paralelo, no entanto, estrutura-se como produto da exclusão da cidade formal, ainda que revele peculiaridades e relação afetiva entre indivíduo e lugar.
Ao mesmo tempo em que existe o desejo de fazer parte da cidade formal, a periferia espontaneamente cria identidade, lugar de novos acontecimentos, e passa a produzir e reproduzir os próprios conceitos criados a partir de sua estética. (...)
As crianças são postas nestas condições e estas condições são tudo o que conhecem até começarem a estabelecer parâmetros de relação e diferenciação entre os sujeitos e o meio em que vivem. O espaço pessoal esbarra ou se confronta com as solicitações de seu grupo de referência, ao mesmo tempo que impulsiona para a imitação da mesma.
Se a forma de engajamento social do indivíduo adulto é ilustrado por suas ações diárias, seja no seu trabalho, sua família ou talvez numa religião, a maneira de a criança ir além de si mesma, apropriando-se do mundo externo e interno, se revelará pela capacidade de ludicização no espaço. Assim, a brincadeira é capaz de apontar estilo de vida ..."
( trecho do artigo científico "Formação da identidade de crianças moradoras das áreas de ressaca " UNIFAP-2007- Bárbara Lívia D. de Souza)
( Imagens da exposição " Lacunas: Um mundo entre-pontes- 2007)
( Imagens da exposição " Lacunas: Um mundo entre-pontes- 2007)