Tudo de repente pareceu ficar mudo. Minhas cores emudeceram, lembrando que não pertencem a ninguém. E o traço passou a me olhar num só ponto sem mais riscos... Não por não existirem em algum lugar, mas por um pedido silencioso de descanso e respiração quieta, talvez, essencial para um renascimento.
Não creio que tudo seja bloqueio criativo, afinal, existe também o não-fazer em cada coisa feita.
Forçar o funcionamento de algo tão delicado como a imaginação parece-me como retirar o amargo da casca do limão na ilusão de se ter mais suco - mais conteúdo - quando se poderia simplesmente diminuir a energia e parar no doce.
Intui por ficar quieta. Deve ser importante para que possam ficar também no plano da pausa - e assim decidam sozinhos o momento de voltar -, toda cor, toda forma, toda imagem.
Não são minhas, não sou delas, e quando se apresentam eu apenas as deixo passar, porque tudo que vem para nós, vem apenas para passar por nós e seguir livre...
Parece-me um tipo de desescolha deixar-se em paz por um instante. Difícil. Válido.
Antes quieto, parado, com a impressão insistente - e deturpada- de não ser produtivo, do que um fazer de cores e formas vazias pela obrigação de preencher páginas em branco do caderno de desenho...
Que sejam deixados por si mesmos, sem qualquer função, conceito ou significado. Que eu precise talvez, buscar de lugares mais profundos a fonte de minha alegria...
Qual seja o rumo das cores e dos traços que vivenciam em mim sua experiência, que seja de verdade.
B. Damas
Lindo isto...
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